Assassination Classroom - Yuusei Matsui is back!

Yuusei Matsui, um mangaká que eu gosto muito, autor do sensacional Majin Tantei Nougami Neuro, anunciou recentemente que finalmente estaria de volta as páginas da revista semanal Shonen Jump, com uma série chamada Ansatsu Kyoushitsu - Assassination Classroom, e ela já começou na semana passada, então vou fazer uma pequena análise do primeiro capítulo desse mangá.


Pra começar, antes de ir para a história, vale a pena ressaltar que o Matsui ficou fora da Jump por um bom tempo, muito provavelmente para melhorar seu traço, que é... ele simplesmente não sabia desenhar muito bem, e deu uma bela melhorada. Porém, ainda não é lá essas coisas, e é aí que vem o primeiro ponto pra ele: fez um personagem alienígena redondo fácil de desenhar para não passar vergonha, e o encaixou muito bem no enredo, aliás, não duvido nada que tenha feito a história a partir da personagem.

Na história temos um ET overpower que destruiu 70% da lua ameaçando o governo de destruir a Terra e dando só uma opção a eles: colocá-lo como professor na escola Kunugigaoka, mais precisamente da classe 3-E e dar a oportunidade de todos os alunos da mesma sempre estarem tentando matar ele, até Março do próximo ano, data escolhida pelo alienígena para a destruição da Terra.

Outra coisa bem interessante sobre esse ET é que aparecem certas listras de várias formas e cores em sua face dependendo de sua emoção no momento, algo que ajuda e muito na escolha do momento da tentativa do assassinato dele por seus alunos, pelo menos os espertos, que parecem ser poucos. Poucos porque a Classe 3-E não é uma classe normal, é a classe excluída da escola, a "escória" de uma fundação de ensino bem conceituada, que é a Kunigigaoka. Além do bullying sofrido por eles (que é muito radical, quando um dos personagens principais do mangá, Nagisa, acaba indo para a 3-E, todos os seus "amigos" começam a ignorá-lo e esquecer de sua existência, uma das grandes críticas do mangá), a escola separa especialmente essa classe, colocando-os no antigo prédio da escola, caindo aos pedaços e abandonado por tudo e todos.

Como será que deveria ser a vida deles antes do Ministro da Defesa aparecer e dizer que um alienígena maluco que destruiu a lua se tornaria professor deles e o dever dos alunos era mater esse ser? Mas bom, tem uma coisa bem importante que não cheguei a citar. Quem matar o Korosensei (como o ET mais tarde é apelidado) vai ganhar nada mais nada menos que 10 bilhões de Ienes, algo por volta de 300 milhões de reais. Quer motivação melhor? O primeiro capítulo é basicamente a apresentação de tudo isso e o desenvolvimente de um dia quase normal de aula dessa Classe de Assassinos.

Quase normal porque Nagisa, uma das principais peças do mangá, resolveu mostrar um pouco mais da sua personalidade, suicida. Influenciado por seus colegas de classe e seu passado obscuro, Nagisa esperar a melhor hora para atacar sua presa, e quase consegue completar seu objetivo. Ele carregava com si uma granada de balas especiais, feitas somente para matar o professor, acionada por um dos seus colegas de classe por intermédio de um controle remoto. Quase conseguiram, pena que eles não sabiam que todos da raça do Korosensei trocam de pele uma vêz por mês, e além de desviar da granada, trocou de pele bem na hora certa para proteger Nagisa da explosão, mostrando que não é o monstro que todos pensavam, pelo menos para o Nagisa, que parece ser o único que pensa da Classe E, já que ele já vinha observando as ações do professor a um bom tempo e sabia o que a maioria das listras coloridas na sua face significava.

É nessa parte do primeiro capítulo que vemos o professor realmente bravo pela primeira vez, com sua face redonda ficando tão escura quanto a noite e sinistra, realmente dá muito medo. Você achou que ele ficou bravo porque tentaram matar ele? Ou porque utilizaram um método sujo? Não, longe disso, ele até deu um ponto a mais na nota do Nagisa. Ele ficou é bravo porque os demais alunos que bolaram o plano não se importaram nenhum pouco com o ato kamikaze do Nagisa, mostraram que fariam de tudo para conseguirem seus objetivos, além de comprovarem que merecem fazer parte da Classe da Escória da escola. Na verdade, o ET só não matou os alunos porque fez um tratado de não ferir nenhum estudante, mas ameaçou de matar o resto do mundo no lugar. Haha. Não vai me dizer que você realmente acreditou que ele só não matou os alunos por causa do tratado. Longe disso, isso é uma obra do Yuusei Matsui, claro que ele não daria uma resposta tão ridícula como essa. E é aí que vemos uma página de flashback do que parece ser o passado do Korosensei, onde o mesmo está prometendo ser professor e transmitir seus ensinamentos aos prováveis alunos de uma mulher prestes a morrer.

E após esse incidente fora do cotidiano, a vida continua no mangá. Incidente já esperado, afinal, o primeiro capítulo do mangá tinha que ter algo interessante e diferente. Mas, antes de fazer minha considerações finais sobre esse primeiro capítulo do mangá, tem mais um ponto que quero comentar.

Yuusei Matsui é um autor conhecido por fazer obras mais obscuras, com mensagens e sinais, e nesse capítulo ele não esqueceu dessa sua fama. Desde as primeiras páginas em que a Classe 3-E foi apresentada, ele sempre fez questão de mostrar que eles tinham aula no prédio antigo da escola, claro que pra mostrar o bullying e a discriminação pra cima deles e fazer uma crítica a sociedade, mas tem algo mais aí, que ficou claro com a atitude do Nagisa algumas páginas para frente. Ele claramente faz ali um paralelo com o antigo Japão, ou melhor dizendo, a Grande Nação Japonesa, que era conhecida por toda sua honra e força, e que também não se importava muito em sacrificar certas coisas em busca de aumentar seu território e domínio, como visto na Segunda Guerra Mundial, que precisou dos lamentáveis episódios de Hiroshima e Nagasaki para terminar, para a Grande Nação Japonesa se render. Eles eram e são até hoje conhecidos por uma tática chamada Kamikaze, se você estudou um pouco História, deve conhecer, essa tática consistia em dar a vida pela nação, pilotos de caças se suicidavam chocando suas aeronaves contra navios de guerra inimigos, tudo pela prosperidade do país. Nagisa faz exatamente a mesma coisa ao usar a granada, e coincidente o ato também dá errado. Enquanto a Classe 3-E se conformar e fazer algo digno de escória, como sacrificar um amigo para se dar bem, vai continuar a mesma merda excluída que é, e com razão. Foi essa a maior crítica que eu interpretei desse capítuloe, não é pra ficar com dó da classe, eles não estão nessa posição atual a toa.

Bom, esse foi o primeiro capítulo de Assassination Classroom, acho que nem preciso dizer que gostei né? A construção dele foi realmente ótima, teve de tudo um pouco, e mesmo com muito texto, não é nada cansativo, foi realmente bom. Nunca vi um primeiro capítulo tão bem feito assim, muito melhor que o primeiro capítulo de Green Blood comentado aqui e de longe o melhor das últimas décadas na revista. Yuusei Matsui veio pra ficar.